Meus melhores filmes III – a última vingança do capítulo final (que ainda vai gerar duas continuações e alguns spin-offs...)


O Império contra-ataca (The Empire strikes back, 1980): eu poderia ter escolhido a hexalogia inteira de Guerra nas Estrelas, ou ao menos a trilogia original; o nível de fascínio e empolgação despertado pelo universo criado e estragado por George Lucas é enorme, e agrada a vários gostos: pilotos intergalácticos, criaturas extraterrestres, fantasia e capa-e-espada... "Império" ganha destaque pela reviravolta espetacular de seu final (já gasto depois de tanta exposição, mas vá lá), por meio do qual Lucas mostra a estrutura operística da trilogia. Mas minha identificação secundária, como de muitos outros fãs, se dá pelas cenas em Dagobah, em que mais da filosofia da Força e dos Jedi é apresentada, e simbolismos aprofundam o que parecia só um filme de entretenimento.




Drácula de Bram Stoker (Bram Stoker´s Dracula, 1992): as chances de algum diretor conseguir fazer mais um filme baseado no personagem clássico do autor irlandês, àquela altura da história do cinema, eram mínimas. Mas Coppola acertou a mão em quase tudo: uma trilha sonora espetacular, Gary Oldman (que pode interpretar QUALQUER papel no cinema com maestria), uma fotografia primorosa e até o Keanu Reeves como Jonathan Harker, com aquele ar de zero-a-zero para contrastar com a sedução do vampiro (nota: suspiro pela Lucy, suspiro pelas noivas de Drácula). A grande genialidade do filme, entretanto, está na decisão de incluir um prólogo que não existe no livro, e que transforma o que originalmente era uma história de terror em um conto de Amor Romântico dolorido e extremo. Vai demorar até ver essa versão superada. Menção honrosa aqui para "Frankenstein de Mary Shelley" (1994), dirigido por Kenneth Branagh, que se trata igualmente de uma versão Romântica e definitiva de um clássico do terror gótico.



Antes do amanhecer/por-do-sol/meia-noite (Before Sunrise/sunset/midnight, 1995, 2004 e 2013): assistir a três filmes em que, basicamente, o que se tem é um casal conversando, sobre diversos temas da vida, pode parecer a tortura para alguns; Linklater criou três pequenas obras-primas sobre o relacionamento humano em um projeto que demorou quase 20 anos (será que vem mais?). Assistir Ethan Hawke e Julie Delpi envelhecerem a aparência e amadurecerem sua relação na tela é uma aula sobre a aproximação, o distanciamento e a maturação (e, porque não, as sintonias e dissintonias de um casal humano, extremamente humano). Nada de pieguismos das comédias românticas. Nada simples, nada de fórmulas. Minha sorte foi não ter de esperar entre o primeiro e o segundo episódios (algo que deve ter torturado a plateia por nove anos), uma vez que já assisti os dois no mesmo dia.  



Alta fidelidade (High fidelity, 2000): assisti ao filme com mais quatro amigos, todos homens, na casa dos 25 a 30 anos. Ao final, todos se entreolharam com o mesmo ar de "como assim filmaram minha vida sem avisar?". É claro que há um tom de exagero na pergunta, mas quem nunca se pegou repassando erros e acertos de relacionamentos passados?  E mais importante que isso... Um dia a gente amadurece e descobre que desgastado e tedioso pode ser você mesmo, e não seu relacionamento...  Fazer uma seleção de músicas favoritas para quem se gosta? Prazer, sou eu. Coleção de vinis organizada em ordem autobiográfica???  Meu lado bibliotecário derramou uma lágrima poética...  (sem mencionar que Stephen Frears conseguiu adaptar uma livro com sabor extremamente inglês para um cenário norte-americano sem estragá-la, o que já mereceria elogios...)



Meia-noite em Paris (Midnight in Paris, 2011): foi o filme mais recente a conseguir a façanha de se tornar não apenas um filme admirado, como intimamente ligado a meu afeto. Talvez seja o fato do protagonista ser um escritor, ou o choque entre seu espírito artístico e o entorno imediato fútil e materialista que o cerca; talvez seja a presença da "Shakespeare & Co" como coadjuvante de luxo do filme... ou, ainda, o fato de eu o ter assistido cerca de uma semana antes de conhecer Paris. Tudo isso, mais a genial lição de Woody Allen – a de que sempre temos a impressão de que o passado era mais interessando do que o presente – garantiu um lugar diferenciado no meu manual de vida – e na minha estante.



(conclui - ? - no próximo post)

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