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NO CORAÇÃO DO MAR




Gênero: Aventura
Direção: Ron Howard
Roteiro: Charles Leavitt
Elenco: Andrew Crayford, Ben Whishaw, Benjamin Walker, Brendan Gleeson, Charlotte Riley, Chris Hemsworth, Cillian Murphy, Daniel Westwood, Donald Sumpter, Edward Ashley, Frank Dillane, Hayley Joanne Bacon, Jamie Sives, Jordi Mollà, Joseph Mawle, Matthew John Morley, Michelle Fairley, Paul Anderson, Sam Keeley, Tom Holland
Produção: Brian Grazer, Edward Zwick, Joe Roth, Paula Weinstein, Will Ward
Fotografia: Anthony Dod Mantle
Montador: Daniel P. Hanley, Mike Hill
Trilha Sonora: Roque Baños
Duração: 121 min.
Ano: 2015
País: Estados Unidos
Cor: Colorido
Estreia: 03/12/2015 (Brasil)
Distribuidora: Warner Bros.
Estúdio: Cott Productions / Enelmar Productions, A.I.E. / Imagine Entertainment / Roth Films / Spring Creek Productions / Village Roadshow Pictures / Warner Bros
Classificação: 14 anos


Sinopse: Ambientada no inverno de 1820, a história narra o episódio em que o navio inglês Essex foi atacado por uma baleia gigante. Após o desastre, os tripulantes sobreviventes precisam enfrentar fome, frio e fortes tempestades enquanto lutam por suas vidas. 



Nota do Razão de Aspecto:


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No Coração do Mar conta a história do navio Baleeiro Essex, que naufragou após ser atacado por uma baleia branca, em novembro de 1820 - história que teria inspirado o clássico Moby Dick, de Herman Melville. 



A estrutura de No Coração do Mar faz uma intersecção entre a história do baleeiro Essex e a da escrita de Moby Dick, ao desenvolver a narrativa com base no relato do então último sobrevivente  do Essex, Thomas Dickerson (Brendan Gleeson), ao escritor Herman Melville (Ben Wishaw), ambientada trinta anos depois do naufrágio, em 1850. Dessa forma, acompanhamos a trama principal da viagem e do naufrágio do Essex e de sua tripulação, comandada pelo inexperiente capitão George Pollard (Benjamin Walker) e pelo primeiro imediato Owen Chase (Chris Hemsworth), e a subtrama da conversa entre Melville e Dickerson, que resiste em contar a história, apesar do dinheiro oferecido e das dificuldades financeiras que enfrenta. Temos, assim, uma história dentro de outra história.



O bom roteiro de Charles Leavitt é apoiado por atuações consistentes e convincentes de Chris Hemsworht e Benjamin Walker, que constroem a relação de conflito entre o capitão, inexperiente, porém rico e de família tradicional, e o primeiro imediato, experiente, porém sem o mesmo "pedigree", de forma eficiente.  O mesmo não se pode afirmar da relação entre Melville e o velho Dickerson, cujos diálogos soam artificiais e levam a soluções rápidas e inverossímeis para conflitos internos que atormentavam o personagem de Gleeson há três décadas. É difícil para o espectador acreditar em uma frase como "finalmente desabafei", quando o velho Dickerson, depois de uma resistência de três ou quatro frases, revela a razão que o levou a guardar para si o segredo que o atormentava há trinta anos. 

Ao optar pela narração em "voice over", No Coração do Mar acaba por adotar alguns recursos formulaicos e preguiçosos para dar progressão à história, como forma de sintetizar, sem mostrar, parte importante do desenvolvimento da trama. Se a Warner gasta milhões de dólares para produzir um filme que pretende ser indicado ao Oscar, o mínimo que se pode esperar é que a história seja mostrada, e não contada. Cinema é um arte visual, e não literária. 

Por outro lado, o roteiro é eficiente em fazer o público realmente criar empatia e preocupar-se com destino dos personagens, mesmo em se tratando de alguns com pouco tempo de tela, considerando que se trata da tripulação inteira de um navio. O grande número de personagens deveria dificultar a empatia do público, mas o roteiro de Charles Leavitt e a direção de Ron Howard constroem personagens complexos e multidimensionais  com os quais o público consegue se idenitficar - mais um ponto forte do roteiro.

No Coração do Mar é um filme visualmente exuberante. Com uma paleta de cores escuras, a fotografia de Anthony Dod Mantle cria o ambiente frio e sombrio de de Massachussets e do Essex, que reflete, ao mesmo tempo, as angústias e os sentimentos dos protagonistas. Mesmo nas cenas em que os personagens estão à deriva, sob o sol, em alto mar, Anthony Dod Mantle escolheu um amarelo opaco e frio, que reflete a falta de esperança daqueles homens amaldiçoados. Os planos gerais, ao mesmo tempo em que mostram a beleza incomparável daquelas ambientes, indicam a pequenez do homem diante da natureza e do mundo. Por outro lado, o 3D é totalmente desnecessário, além de mal executado. Nas sequências de ação, os quadros fechados quebram todo o efeito da profundidade de campo e anulam o efeito que é o principal objetivo do 3D.



A equipe de No Coração do Mar fez um grande trabalho de direção de arte e figurino para a reconstrução de época e fantásticas elaboração e execução dos efeitos visuais. Durante todo o filme, o espectador nunca duvida de que aqueles homens estão em alto mar, não duvida de aquele aquele é um navio baleeiro real e, principalmente, acredita total e completamente na baleia branca de trinta metros de comprimento.




Embora o primeiro ato seja relativamente lento - o que não é necessariamente um problema, mas exige um pouco de paciência - e o terceiro ato do filme leve a um desfecho previsível, o segundo ato é ágil e envolvente. Concentradas no segundo ato, as sequências de ação em alto mar são bem dirigidas, embora prejudicadas pelo 3D. O uso de planos mais fechados e a montagem rápida levam o espectador a dividir com os personagens o medo da morte e do afogamento e o temor mais que reverencial à "maior besta que já viveu na Terra". Em alguns momentos, pode-se perceber a referência a algumas sequências de Tubarão na forma como se constrói o suspense no momento do ataque.

No Coração do Mar traz uma narrativa eficiente sobre orgulho, ganância, ambição, lealdade, obsessão e medo. Os defeitos de No Coração do Mar são pequenos diante da grandiosidade da narrativa, da atuação do elenco central e, principalmente, do desafio de inspirar-se no maior clássico da literatura estadunidense. Ron Howard nos premiou com mais um grande trabalho. Temos um dos fortes candidatos à indicação ao Oscar 2016.





Comentários

  1. Temos aqui uma adaptação de um livro homônimo (que se inspirou no clássico: “Moby Dick”). O filme se passa em meados do século XIX e narra a história de um grupo marinheiros que tem a missão de caçar baleias para extrair o óleo delas, algo comum à época. Contudo, em um dado ponto da empreitada, uma baleia gigante ataca o navio tornando a vida daqueles homens bem dificultosa.
    O roteirista Charles Leavitt (filmes como “Diamante de sangue”, de 2006) e o diretor Ron Howard de filmes como: “O Grinch”, de 2000 e “uma mente brilhante” , de 2001) fazem um trabalho praticamente impecável aqui.
    Quase todos os aspectos cinematográficos são dignos de nota: o roteiro achou uma saída muito inteligente para contar a história e com diálogos muito firmes, além de um senso de humor bem encaixado. A montagem está no tom certo. O ritmo do filme é muito bom. Por exemplo, as passagens da história em si e a contada narrada é feita de forma bem pertinente ao longo de toda a obra. Nada fica gratuito. É um filme sem barrigas, só a da Moby Dick (eu precisava deste trocadilho). As mortes não são exploradas de forma sensacionalista. Elas ocorrem porque tem de ocorrer (recurso parecido com o que vimos em “Everest”). Até o romance está sem excessos. Alguns posicionamentos da câmera trazem ângulos poucos comuns e brincam também com a questão do foco vez ou outra.
    A trilha sonora, por vezes simulando sons de baleia – mesmo sem o mostro estar presente- e carregada com batidas forte de tambor dão um ar eletrizante nos momentos certos. O silêncio, nos trechos em que é necessário, também é perceptível aqui, o que corrobora a questão do ritmo que falei anteriormente. A fotografia merece um capítulo à parte. Desde a escolha dos tons, com filtros lindíssimos até a boa utilização da computação gráfica. Temos, portanto, uma composição visual estupenda. A uma cena que mistura fogo e água que é quase poética (apesar da CGI soar um pouco artificial nesta cena - mas nas outras ele está muito bem aplicado).
    Para quem viu “Thor” e “Os Vingadores”, não acredita no que o Chris Hemsworth fez aqui. Bela atuação dando vida a um personagem com uma baita presença. Os demais também não decepcionam e acompanham o ritmo do protagonista. As transformações físicas e mentais dos atores e personagens impressiona. Alguns secundários poderiam ser mais explorados.
    “No Coração do Mar” é um filme obrigatório para ver no cinema. A imagem na telona faz muita diferença na experiência. O 3D está bem utilizado (não chega no nível de “Avatar”, “Hugo” e “A travessia”, mas é muito bom). Primor técnico e com alto nível de entretenimento. Acho que vale indicação ao Oscar nas categorias mais técnicas. Recomendo muito, algo raro em adaptações literárias. Superou, e muito, as minhas expectativas. Nota 4,5 de 5 estrelas

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  2. Sobre a análise de vocês. Eu e um amigo que viu comigo o filme somos as únicas pessoas que gostaram do 3D. Infelizmente não vou ver novamente para tirar esse aspecto à prova.
    Apesar de alguns diálogos de fato artificiais, gostei da atuação do Brendan Gleeson e também do Tom Holland, versão jovem dele.
    No mais acho que a crítica de vocês se focou muito no roteiro (aspecto primordial, claro), mas deixou um pouco os aspectos técnicos de lado, pontos fortes do filme.
    Na linha de 5 estrelas eu daria 4,5.
    Além da parte técnica está muito elaborada foi uma experiência cinematográfica muito boa, fiquei bem imerso na história (sem que é uma análise superficial, mas não posso desconsiderar o fator entretenimento)

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  3. Owen perseguição tornou-se o amor da minha vida. Em suma, "In the heart of the se " é um espetáculo visual muito interessante que recebe cenas específicas com força suficiente. Além disso, o filme também adiciona duas reflexões interessantes: em primeiro lugar, com Melville como eixo sobre o ato de escrever, sobre o medo de nossa própria incapacidade ea luta interna entre revelando e inventar, entre a transmissão da verdade e da captura da essência; ea segunda, sobre os interesses comerciais eternas e a tirania do dinheiro.

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