Pular para o conteúdo principal

12 HORAS PARA SOBREVIVER: O ANO DA ELEIÇÃO (THE PURGE: ELECTION YEAR, OU UMA NOITE DE CRIME 3, 2016) - CRÍTICA




A franquia Uma Noite de Crime continua no caminho certo.

Gênero: Ação
Direção: James DeMonaco
Roteiro: James DeMonaco
Elenco: Christopher James Baker, David Aaron Baker, Edwin Hodge, Elizabeth Mitchell, Ethan Phillips, Frank Grillo, Jay Hieron, Joseph Julian Soria, Juani Feliz, Kimberly Howe, Kyle Secor, Leah Procito, London Hall, Mykelti Williamson, Noel Ramos, Pamela Figueiredo Wilcox, Raymond J. Barry, Shawn Contois, Stephanie McIntyre, Tanja Melendez Lynch, Terry Serpico
Produção: Andrew Form, Brad Fuller, Bradley Fuller, Jason Blum, Michael Bay, Sebastien Lemercier
Fotografia: Jacques Jouffret
Montador: Todd E. Miller
Trilha Sonora: Nathan Whitehead
Duração: 109 min.
Ano: 2016
País: Estados Unidos
Cor: Colorido
Estreia: 06/10/2016 (Brasil)
Distribuidora: Universal Pictures Brasil
Estúdio: Blumhouse Productions / Platinum Dunes / Universal Pictures / Why Not Productions
Classificação: 16 anos

Sinopse: Dois anos depois de decidir não matas o homem que matou seu filho, o sargento Barnes se tornou líder de segurança do senador Charlene Roan, que concorrerá nas próximas eleições presidenciais. 


Nota do Razão de Aspecto:


-----------------------------------------------------------------------------------------

Aqui estou eu, de novo, começando uma crítica com protestos pela escolha do nome do filme no Brasil, mas não tem jeito: é inexplicável a razão pela qual os distribuidores brasileiros decidiram fingir que este filme não é o terceiro da boa franquia Uma Noite de Crime. Falem sério. Tudo fica mais estúpido porque a própria trama dá continuidade às histórias de personagens do segundo filme da franquia, que são fundamentais para aquilo que vamos acompanhar em Doze Horas para Sobreviver.

A premissa dos filmes da franquia é instigante: uma vez por ano, o governo dos Estados Unidos realiza a Purga - durante doze horas, são permitidos todos os tipos de crime, inclusive assassinatos. Para além do exercício do gênero de terror, a franquia Uma Noite de Crime discute a natureza humana, a violência, a hipocrisia, a selvageria e os conflitos sociais. No primeiro filme, tudo se passa em um condomínio fechado, onde jovens ricos resolvem atacar uma família rica e supostamente protegida; no segundo, um grupo de cinco pessoas não consegue chegar aos seu destino antes do início da Purga e lutam para sobreviver às doze horas de horror; no terceiro, aproxima-se a eleição, e uma das candidatas (uma mulher loira, que coincidência) faz sua campanha baseada em acabar com a Purga, acaba sendo atacada e precisa sobreviver às doze horas seguintes. Os três filmes assumem contornos diferentes:u m filme de câmara, ou quase, um filme de slasher pelas ruas de L.A. e um filme de suspense/ação, com toques de terror.


O terceiro filme da franquia tem um roteiro que, pela primeira vez, se concentra nas consequências da Purga para as populações excluídas: negros, pobres e latinos da periferia. Em um país como os EUA, onde a segregação já foi legalizada e onde existe uma nova onda de xenofobia e conservadorismo populista, estes são temas muito sensíveis. Não há como ignorar a alegoria que  Doze Horas Para Sobreviver faz do atual contexto político estadunidense - lá, o filme foi lançado ainda durante as prévias democrata e republicana para as eleições presidenciais de novembro de 2016. O roteiro estabelece um conflito entre os "new founding fathers", a elite econômica, que, coma justificativa de reduzir a violência, usa a Purga como meio de eliminação dos mais pobres, e um grupo de resistência da periferia negra de L.A, que planeja um contra-ataque e que ajuda as pessoas mais fracas a sobreviverem à noite de desgraça. Acrescente-se o turismo de assassinato, o sensacionalismo midiático e as redes sociais, e temos estabelecido o cenário em que os personagens precisam sobreviver.

Este filme é mais ágil e rápido que os dois primeiros da franquia, mas perde eficiência no terror. A ênfase é maior no suspense e na ação, ainda que haja sangue e morte por todos os lados. Felizmente, o filme manteve as pequenas sequências de cenas perturbadoras de assassinatos e tortura do ponto de vista dos personagens, que duram poucos segundos na tela, em câmera lenta, mas que, ao mesmo tempo, potencializam a imaginação sobre quantas daquelas cenas estão acontecendo ao mesmo tempo. Esse recurso distribui o horror ao longo da narrativa, ajuda na jornada psicológica dos personagens e faz o espectador questionar-se sobre a real natureza humana.


Como narrativa cinematográfica, James DeMonaco construiu um roteiro bem desenvolvido e realizou uma direção competente, ainda que os atores Frank Grillo e e Elizabeth Mittchel ( a querida Juliet, de Lost) não mereçam grande destaque. Betty Gabriel faz a melhor atuação, no papel de Lane Rucker, uma famosa bad ass do bairro negro. Em um filme como este, não se pode deixar de destacar direção de arte, figurino e fotografia, sem os quais o efeito das fantasias e dos personagens psicopatas poderia comprometer totalmente o resultado.


Doze Horas Para Sobreviver é uma alegoria política baseada em crítica social. Pode ser considerada, em grande medida, uma representação distópica do darwinismo social de Spencer aplicada ao século XXI- embora não seja tão distópica assim, basta uma breve passada pelos noticiários diários para percebermos a semelhança. Certamente, muitos estadunidenses consideram este filme um panfleto político. Como filme, é competente, bem dirigido envolvente e assustador na dose certa - claro, somente se você tiver empatia com os personagens que estão sendo perseguidos, caso contrário, agradeço pela Purga não existir no mundo real.

Comentários

  1. Eu achei que eles desperdiçaram vários momentos fortes no filme. Eles preparavam uma cena que prometia ser forte, como por exemplo a da debutante invadindo a loja, e não exploravam aquilo. Descartavam tao rápido que tornavam desnecessário no filme. Achei que o roteiro tinha tudo pra ser o melhor dos três mas pecou muito no resultado final. Nao ficou muito bom

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado pelo comentário, igor. O debate é sempre importante!

      Excluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Moana - Um Mar de Aventuras (2016) - Crítica

Moana traz elementos novos, mas deixa a desejar na história... Gênero: Animação Direção: John Musker, Ron Clements Roteiro: John Musker, Ron Clements, Taika Waititi Elenco (dublagem original): Alan Tudyk, Auli'i Cravalho, Dwayne Johnson Produção: Osnat Shurer Montador : Jeff Draheim Trilha Sonora: Lin-Manuel Miranda, Mark Mancina, Opetaia Foa'i Duração: 107 min. Ano: 2016 País: Estados Unidos Cor: Colorido Estreia: 05/01/2017 (Brasil) Distribuidora: Walt Disney Pictures Estúdio: Walt Disney Animation Studios / Walt Disney Pictures Classificação: Livre Sinopse:  Moana Waialiki é uma corajosa jovem, filha do chefe de uma tribo na Oceania, vinda de uma longa linhagem de navegadores. Querendo descobrir mais sobre seu passado e ajudar a família, ela resolve partir em busca de seus ancestrais, habitantes de uma ilha mítica que ninguém sabe onde é. Acompanhada pelo lendário semideus Maui, Moana começa sua jornada em mar aberto, onde enfrenta terríveis c...

Sete psicopatas e um Shih Tzu - Netflixing

Pegue a violência extrema como instrumento de sátira, a moda Tarantino. Misture com um estilo visual e escolha de cenários que lembram os irmãos Coen. Dose com pitadas de neurose Woddy Allen e surrealismo David Lynch. E temos a receita para Sete psicopatas e um Shih Tzu . Gênero:   Comédia Direção:  Martin McDonagh Roteiro:  Martin McDonagh Elenco:  Abbie Cornish, Amanda Mason Warren, Andrew Schlessinger, Ante Novakovic, Ben L. Mitchell, Bonny the ShihTzu, Brendan Sexton III, Christian Barillas, Christine Marzano, Christopher Gehrman, Christopher Walken, Colin Farrell, Frank Alvarez, Gabourey Sidibe, Harry Dean Stanton, Helena Mattsson, James Hébert, Jamie Noel, John Bishop, Johnny Bolton, Joseph Lyle Taylor, Kevin Corrigan, Kiran Deol, Linda Bright Clay, Lionel D. Carson, Long Nguyen, Lourdes Nadres, Michael Pitt, Michael Stuhlbarg, Olga Kurylenko, Patrick O'Connor, Richard Wharton, Ricky Titus, Ronnie Gene Blevins, Ryan Driscoll, Sam B. Lorn,...

É Fada (2016) - Crítica

É Fada traz o primeiro filme com a youtuber Kéfera Buchmann . Gênero: Comédia Direção: Cris D'amato Roteiro: Bárbara Duvivier, Fernando Ceylão, Sylvio Gonçalves Elenco: Alexandre Moreno, Angelo Gastal, Aramis Trindade, Bruna Griphão, Carla Daniel, Charles Paraventi, Christian Monassa, Clara Tiezzi, Cláudia Mauro, Kéfera Buchmann, Klara Castanho, Lorena Comparato, Luisa Thiré, Marcelo Escorel, Mariana Santos, Narjara Turetta, Paulo Gustavo, Raul Labancca, Silvio Guindane Produção: Daniel Filho Fotografia: Felipe Reinheimer Montador: Diana Vasconcellos Trilha Sonora: Guto Graça Mello Duração: 85 min. Ano: 2016 País: Brasil Cor: Colorido Estreia: 06/10/2016 (Brasil) Distribuidora: Imagem Filmes Estúdio: Globo Filmes / Lereby Produções Classificação: 12 anos Informação complementar: Livremente inspirado em: "Uma fada veio me visitar" (2007), de Thalita Rebouças Sinopse:  Geraldine (Kéfera Buchmann) é uma atrapalhada fada que precisa p...