A nona vida de Louis Drax (2015) - Crítica

A incrível história de um garoto propenso a acidentes que entra em coma, e o terrível mistério de quem o empurrou pelo penhasco. Duas histórias interessantes mal conduzidas e mal misturadas, mas com bela fotografia.




Gênero: Suspense
Direção: Alexandre Aja
Roteiro: Max Minghella
Elenco:  Aaron Paul, Alex Zahara, Anjali Jay, Barbara Hershey, Dakota Guppy, Fiona Vroom, Goldie Hoffman, Jamie Dornan, Jane McGregor, John Hainsworth, Julian Wadham, Lina Roessler, Molly Parker, Nels Lennarson, Oliver Platt, Randi Lynne, Sarah Gadon, Spencer Drever, Terry Chen
Produção: Alexandre Aja, Max Minghella, Shawn Williamson, Tim Bricknell
Fotografia: Maxime Alexandre
Montador: Baxter
Trilha Sonora: Patrick Watson
Duração: 108 min.
Ano: 2015
País: Canadá / Estados Unidos / Reino Unido
Cor: Colorido
Estreia: 20/10/2016 (Brasil)
Distribuidora: Imagem Filmes
Estúdio: Antcolony Films / Brightlight Pictures
Classificação: 14 anos

Sinopse: Louis Drax é uma criança que no piquenique de comemoração de seu nono aniversário cai de um penhasco e entra em coma profundo. Seu pai, desaparecido, é acusado de ter empurrado o filho para a queda quase fatal. O Dr. Allan Pascal tenta trazer a criança de volta a consciência, tendo que lidar com o inconsciente infantil, a investigação policial e a confusa vida familiar de Louis Drax.

ALERTA: O TRAILER OFICIAL DO FILME CONTÉM LEVES SPOILERS


Nota do Razão de Aspecto:



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Toda ousadia é algo elogiável, mas arriscada. A trama de A nona vida de Louis Drax tem potencial para ser um excelente filme, devido misturar fantasia infantil, suspense policial, drama familiar e temas de psicologia inconsciente. Mas combinar elementos tão diferentes, com temas tão díspares exige uma condução cuidadosa ou então o espectador se afoga em uma trama tempestuosa. E é o que acontece neste filme.

Os elementos de fantasia infantil são razoavelmente bem conduzidos se olhamos sem considerar o contexto. Há uma boa interpretação por parte de Aiden Longworth (de Hector e a procura da felicidade), que convence como garoto tímido e problemático, mas intelectualizado. A ligação de Louis com a água, remetendo a seu afogamento e também ao mundo subconsciente de uma criança em coma é interessante, fazendo com que sua história contada/alucinada enquanto em coma seja convincente e até bela e comovente. A paleta de cores puxando para o azul piscina auxilia nisto, dando um ar frio, úmido, misterioso e sobrenatural ao filme.


Os problemas no entanto começam já na forma com que estes elementos se relacionam com o resto da trama. A fantasia infantil é utilizada como elemento explicativo das pistas na parte da trama de suspense, e de modo tão tolo e direto que descobrimos o principal mistério do filme em menos de 10 minutos de exibição (minha namorada desconfiou da resposta do enigma apenas assistindo o trailer). Isto literalmente aniquila boa parte do suspense, e ficamos torcendo desesperados para que o filme nos surpreenda no final de alguma forma, em vão.

O drama familiar e a tensão sexual entre Dr. Allan (Jamie Dornan, de 50 tons de cinza) e Natalie (Sarah Gadon, de Dracula Untold) não tem força dramática suficiente para gerar interesse e substituir o suspense. Os dois atores estão inexpressivos, Jamie Dornan por ser Jamie Dornan com sua eterna cara de que está comendo um pastel, e Sarah Gadon por não conseguir, apesar de seus dotes físicos, ser uma femme fatale que seduz homens usando da pena como modo de sedução. Ela é tão sexy como uma mãe que está com o filho em coma e com o marido suspeito de tentativa de infanticídio.


Um personagem que tem potencial, mas que é subutilizado é o Dr. Perez (Oliver Platt, de X-men: First Class), o psicólogo de Louis Drax. Seu humor e sua visão diferenciada sobre a mente conturbada do personagem título poderiam contribuir mais para o filme. Infelizmente ele só ganha destaque no desastroso final; previsível, artificial e irritantemente melodramático.

A trilha sonora é clichê atrás de clichê, a maioria dos atores parecem estar fazendo uma obrigação de forma rápida para se livrarem logo do dever de casa, e em nenhum momento conseguimos nos importar com o destino dos personagens, até porque já sabemos o que vai acontecer no final. Não conseguimos sequer torcer para que o vilão seja pego e punido.

Se não fosse a bela fotografia, as boas referências metafóricas ao inconsciente, e a uma quase jornada do herói do garoto em coma, o filme seria uma simples tortura. Mas a narrativa que o garoto conta para o monstro com o qual ele alucina durante seu coma acaba salvando o filme de cair em direção a morte. Apenas entramos em coma.


Se eu pudesse dar um conselho a Alexandre Aja (de Alta Tensão e Piranha 3d) é que volte ao básico, conduza projetos mais simples, roteiros mais típicos, e lute por um elenco de mais qualidade. Aqui o passo foi maior que as suas pernas.

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