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INFERNO (2016) - CRÍTICA



Gênero: Ação/Suspense
Direção: Ron Howard
Roteiro: David Koepp, baseado no livro de Dan Brown
Elenco: Tom Hanks, Felicity Jones, Sidse Babett Knudsen, Ben Foster, Irrfan Khan, Omar Sy, Ana Ularu, Cesare Cremonini
Produção: Ron Howard
Fotografia: Salvatore Totino
Montador: Tom Elkins, Daniel P.Hanley
Trilha Sonora: Hans Zimmer
Duração: 121
Ano: 2016
País: Estados Unidos
Cor: Colorido
Estreia: 13/10/2016 (Brasil)
Estúdio: Sony

Sinopse: Terceiro filme da série protagonizada pelo Professor Robert Langdon. Desta vez, ele acorda com amnésia parcial em um hospital em Veneza, e embarca em uma corrida contra o tempo para salvar a humanidade de um vírus mortal. 


Nota do Razão de Aspecto: 


"Dan Brown é um escritor muito bom em sua ruindade"    (VILLAÇA, Pablo).

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É praticamente impossível não se divertir com um livro de Dan Brown. Seus capítulos curtos, praticamente já pensados para cenas de cinema, e cliffhangers ("perigo da série", como diria minha sogra...) constantes prendem o leitor em histórias que envolvem solução de enigmas escondidos em obras de arte e obeliscos pelo mundo. De quebra, aprende-se um pouquinho sobre prédios históricos de diversos locais do mundo. O entretenimento, nesse caso, compensa a fragilidade de Brown como escritor, cheio de clichês e com frases dignas de alunos da quarta série.

Levadas anteriormente ao cinema por duas vezes, em Código da Vinci (2006) e Anjos e Demônios (2009), as obras de Dan Brown foram "adotadas" no cinema por uma dupla de peso: o oscarizado diretor Ron Howard e o megastar das famílias, Tom Hanks. Essa combinação poderia, em tese, ter gerado filmes sensacionais, mas não foi o caso. O primeiro peca no ritmo, talvez por tentar mais filmar o livro do que propriamente adaptá-lo para o cinema. O segundo é um bocadinho melhor – aparentemente Howard percebeu o erro da mão na primeira tentativa, e ensinou a todos o que é um camerlengo.


Infelizmente, nesse Inferno, as coisas não saem muito bem. O roteiro é bem fiel ao livro:  o Professor de simbologia Robert Langdon (Hanks) acorda em um hospital, sem qualquer memória das últimas 48 horas, e embarca em uma correria para fugir de pessoas que tentam assassiná-lo sem que ele ao menos se lembre porque. Para isso conta com a ajuda da Dra.Sienna Brooks (Mel Lisboa Felicity Jones), médica que o atendia no hospital. Juntos, descobrirão pistas sobre o passado recente de Langdon e sobre uma trama que envolve a propagação de um vírus capaz de exterminar metade da população mundial.


A partir dessa premissa Bourne, começa uma correria praticamente ininterrupta que os leva de pista a pista, em locações belíssimas. Isso o filme tem de bom: com o dinheiro da produção, é possível ter cenas grandiosas, que envolvem centenas de extras, e filmadas nos cenários reais apresentados nos livros. Sai Leonardo da Vinci, entra o poeta florentino Dante Alighieri e a representação do inferno na Divina Comédia, que povoa a mente ainda embaçada de Langdon.

E aí temos um dos problemas do filme. Howard parece ter feito uma lista de cenas que deveriam estar presentes, e cumpriu a correria entre uma e outra. Entretanto, a parte da simbologia de Dante, de maior peso no livro, fica apenas na superfície do filme. Além disso, os enigmas a serem solucionados são bem mais simplórios e resolvidos com facilidade pela dupla de protagonistas, o que retira do filme um certo grau de suspense. Além disso, o filme tem duas subtramas românticas, contadas em flashbacks, completamente desnecessárias.

O elenco não compromete, e conta ainda com Ben Foster (como Bertrand Zobrist, bilionário ativista pelo controle populacional), Sidse Babett Knudsen (Dr. Elizabeth Sinskey, da Organização Mundial da Saúde), Irrfan Khan ('The Provost', um... ah, não vou estragar), Omar Sy (Christoph Bruder, também da WHO) e Ana Ularu (Vayentha, capanga meio que genérica). Cabe elogiar que os dois antagonistas do filme são interpretados sem a necessidade de caras, bocas e caretas. Aliás, é uma alívio assistir a um blockbuster sem Samuel L. Jackson ou Cristopher Waltz repetindo mais do mesmo.


Outra nota fora do tom do filme (aê!) é a trilha sonora de Hans Zimmer, que volta à parceria com Howard. Quer dizer... quando ele trabalha arranjos orquestrados, a trilha, embora não espetacular, se sai bem. Mas colocar timbres bem artificiais de sintetizadores enquanto Langdon corre por uma praça italiana da Renascença não combinou muito não. Aparentemente, ele gostou do teclado que comprou para fazer a (excelente) trilha de Interestelar (2014) e se afeiçoou a ele.

Por fim, para quem leu o livro, ~ minor spoiler ~ a mudança no final do livro foi de uma covardia sem tamanho. Sim, David Koepp, responsável pelo roteiro, possivelmente a mando dos produtores, retirou a ambiguidade sombria do desfecho do livro e o substituiu por algo bem mais convencional. Aliás, no fim das contas, é isso que este filme é.

Inferno é um filme bem produzido e tecnicamente bom, tem atuações adequadas, e não decepciona muito no quesito diversão. Peca pela superficialidade com que as cenas são tratadas, por tirar o peso de Dante do roteiro e por um excesso de flashbacks supérfluos que incham seu roteiro. 


por D.G. Ducci




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