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WESTWORLD (1.3): THE STRAY - SÉRIES E TV




ESTA CRÍTICA CONTÉM SPOILERS 
DO TERCEIRO EPISÓDIO 
DE WESTWORLD

Nota do Razão de Aspecto: 

O episódio 3 ("The Stray") de Westworld não só manteve a qualidade dos dois primeiros, mas foi, provavelmente, o melhor até agora. Novos passos foram dados pelos anfitriões rumo à consciência, parte do passado do Dr.Ford, de Bernard Lowe e do próprio parque foram revelados, e teorias mirabolantes começam a surgir.

O visitante Billy finalmente começa a interagir mais intensamente com o parque. Tendo recusado anteriormente interações com prostitutas, Billy hesita, mas acaba baleando um bandido. O estímulo da violência e da aventura parece falar mais alto nele, que decide caçar um bandido procurado. Esses traços de personalidade deram origem a uma teoria bem interessante – embora um tanto ousada – de que vamos falar mais à frente.

Finalmente temos uma participação mais digna de Scott Summers Teddy Flood em um episódio. Se nos dois primeiros parecia que estávamos diante de outro "Kenny" de South Park (que morre em todos os episódios), desta vez descobrimos que sua função é manter Dolores no parque, em um posição mais passiva, de espera. Ele é "convocado" pelo Dr.Ford para tomar parte de uma nova história (a qual, aliás, tem preocupado Theresa Cullen, que não é boba, é percebe que os problemas recentes com os anfitriões estão longe de solução). Acompanhado de uma turista, Teddy vai enfrentar os homens de Wyatt, personagem inserido em sua memória por Ford. Em sua última aparição no episódio, cercado por homens com máscaras animalescas, Teddy descarrega sua arma, aparentemente sem efeito...

"Eu também sou Hemsworth!"

Acompanhada pelo outro irmão do Thor responsável pela segurança do parque, Ashley Stubbs, Elsie Hughes vai atrás de um anfitrião desgarrado, que abandonou seu roteiro e partiu para as montanhas (em uma primeira leitura, o "Stray/Desgarrado" do título do episódio). Nessa subtrama, o episódio traz duas enormes evoluções na saga de "humanização" dos anfitriões: o robô fugitivo desenha a constelação de Órion em pedras, sem nunca ter sido programado para pensar nas estrelas; e, mais importante: confrontado, o anfitrião decide pelo suicídio, ato de maior fuga do natural e declaração de liberdade que alguém pode cometer.

Bernard Lowe procura o Dr. Ford e questiona se este revelou toda a verdade sobre os anfitriões. Nesta cena-chave do episódio, Ford conta de Arnold, um ex-sócio obcecado pela criação da consciência nos robôs, seguindo a teoria da "Mente Bicameral", em que uma parte de cérebro ouve vozes da outra parte, e acredita ser a voz dos deuses. Em flashback, vemos um Ford jovem (e que efeito especial espetacular para rejuvenescer Anthony Hopkins), mas curiosamente não vemos Arnold – o que, novamente, gera teorias. Segundo o Dr.Ford, Arnold morreu no parque.

Percebendo interesses semelhantes ao de Arnold em Lowe, Ford reforça que os anfitriões não são reais, e que não têm consciência. Sua frase seguinte é das mais intrigantes do episódio, ao ligar a morte de Charlie, filho de Lowe, a preocupação deste com a consciência dos anfitriões.

Em conversa via vídeo com a (ex?-) esposa (que delícia rever Gina "Firefly"  "Suits" Torres!), e indagado se ele esqueceria da morte do filho se pudesse, Lowe retoma o grande mote da série, ao dizer que o que o faz ser que é são suas memórias. Entendido de outra forma, humanos não esquecem, por isso são quem são. O que acontecerá quando os anfitriões se lembrarem?  A rima temática aqui é elegantíssima.

Mesmo alertado pelo Dr.Ford, Lowe continua brincando com fogo (mais do que deveria?), e segue suas "conversas" secretas com Dolores, que a estimulam a aumentar o grau e a complexidade de sua consciência.  Face à escolha entre descontinuar esse processo e desistir ou seguir evolução paulatina da anfitriã, ele escolhe pelo segundo caminho, com a condição de que ela não conte a ninguém sobre as conversas secretas e que continue seus ciclos narrativos.

Mas Dolores não é mais a mesma: após tentar alterar o desfecho de sua história com Teddy, ao sugerir que os dois fugissem juntos de imediato, e não "algum dia", ela supera sua programação de não atirar e liquida o estuprador em potencial na cena recorrente da morte do pai. Ao sair em disparada pela noite, temos, aí sim, a verdadeira "Stray" do episódio: a que se desgarra de sua programação e de seus limites.

Ao fim do episódio, ela cai nos braços de Billy, que acampava com seu cunhado Logan.

***
Terminado o episódio, começaram a aparecer teorias mais variadas sobre a continuidade da série. Quem seria, de fato, Arnold?  Teria Ford contado a verdade sobre a morte do sócio?  Seria Arnold o Homem de Preto?   E numa especulação mais ousada: seria Arnold o próprio Ford (lembre-se que não vemos Arnold no flashback), cujo idealismo pela busca da consciência dos anfitriões teria "morrido" no passado, e só mais recentemente estaria retornando?

E a arma de Dolores escondida no feno?  Na cena em que ela descobre a arma dentro da gaveta, há uma descontinuidade na cena, e, na sequência, a arma já não está mais lá. Teria a própria Dolores escondido a arma no feno, por se lembrar de que ali costumava ser atacada?  Estaríamos acompanhando um "soluço" na memória de Dolores, com esse "erro" na continuidade?

A teoria mais mirabolante de todas é de que, na verdade, teríamos duas linhas temporais na série: a primeira seria o presente, momento em que se passa a evolução de Dolores e dos outros anfitriões e a busca do Homem de Preto pelo labirinto. A história de Billy e Logan seria um flashback de origem do Homem de Preto – neste caso, Billy, movido mais pela violência do que pela diversão ou pelo sexo. Neste caso, seu encontro com Dolores ao fim do episódio não se passaria em cena imediatamente seguinte à fuga do rancho, como a montagem das cenas daria a entender, e sim no passado.

Sobre esta última teoria, embora muito interessante, fica a pergunta: ao chegar em Westworld, Billy é recebido por Angel, uma anfitriã super realista, e capaz de improvisar interações. Será que já haveria robôs tão desenvolvidos três décadas antes do "presente" da série?   

E você, o que acha dessas teorias?  Pensou em alguma outra?  Venha discutir com a gente!

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