ELIS (2016) - CRÍTICA
Elis é um filme razoável, com boas interpretações, visualmente bonito e com excelentes números musicais.
Gênero: Biografia
Direção: Hugo Prata
Roteiro: Hugo Prata, Luiz Bolognesi, Vera Egito
Elenco: Andréia Horta, Caco Ciocler, Gustavo Machado, Júlio Andrade, Lúcio Mauro Filho, Zecarlos Machado
Produção: Fabio Zavala
Fotografia: Adrian Teijido
Montador: Tiago Feliciano
Trilha Sonora: Alessandro Laroca
Duração: 110 min.
Ano: 2016
País: Brasil
Cor: Colorido
Estreia: 24/11/2016 (Brasil)
Distribuidora: Downtown Filmes
Estúdio: Bravura Cinematográfica
Classificação: 14 anos
Sinopse: Longa-metragem de ficção baseado na vida da cantora Elis Regina, considerada a maior cantora do Brasil. O filme acompanha Elis desde sua chegada ao Rio de Janeiro, aos 19 anos, até sua morte trágica e precoce.
Nota do Razão de Aspecto:
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Eu compareci à sessão da cabine de imprensa de Elis sem saber exatamente o que esperar do filme, mas com boa expectativa em relação à trilha sonora. Afinal de contas, trata-se da cinebiografia daquela que pode ser considerada a maior cantora brasileira de todos os tempos, a gaúcha Elis Regina Carvalho Costa. Se o filme fracassasse em sua trilha sonora, seria o fim do mundo. Felizmente, isso não aconteceu. Eu tinha curiosidade, em especial, de saber de minha música favorita (que-não-direi-qual-é) entraria no filme, em que momento e em que contexto. Eu não estava preparado para que o primeiro som do filme fosse o primeiro acorde da música, que entra rachando, a ponto de causar arrepios pela letra linda e pela voz poderosa. O filme começou promissor. Infelizmente, Elis tropeça nas próprias pernas e não consegue manter o nível e o ritmo de seu começo quase triunfal.
O primeira metade do filme mantém um bom nível. A história da chegada de Elis Regina ao Rio de Janeiro, das dificuldades, a humilhação que sofreu por parte de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, as "tretas" com Nara Leão, o encontro com Carlos Miele e Ronaldo Boscoli, que seria seu primeiro marido e pai de seu primeiro filho, a parceria com Jair Rodrigues, o surgimento do termo "MPB", e a ascensão da Jovem Guarda é contada de convencional, mas eficiente, no compasso certo para que o público possa conhecer os personagens e se importar com os seus destinos.
Na segunda metade, o filme perde toda sua força, em função de um roteiro fraco e uma montagem desastrada. Se, no primeiro ato e na primeira parte do segundo ato, a a narrativa foi bem desenvolvida, os últimos quarenta minutos de filme são apressados, com elipses de tempo que confundem o espectador, com o contexto histórico tratado de forma quase caricatural e sem grandes explicações. Para piorar tudo, os créditos finais encerram o filme em um tom totalmente diferente daquele que fechou a narrativa. Assim, Elis se torna um filme inconsistente no tom e na estrutura.
Felizmente, o filme também tem seus méritos. O primeiro deles são os números musicais. Particularmente, achei acertada a escolha de manter as voz original da cantora. Os fãs de Elis Regina e mesmo aqueles que não têm intimidade com sua música têm mais a ganhar com essa escolha. O segundo mérito são as atuações. Andreia Horta incorporou a personagem, de forma convincente, nos maneirismos, beneficiada pela grande semelhança física, embora tenha tropeçado no sotaque mineiro diversas vezes - um grave problema na preparação dos atores e atrizes no Brasil. Lúcio Mauro Filho é quase a reencarnação de Miele, Gustavo Machado está muito bem como Ronaldo Boscoli, Caco Ciocler conseguiu transmitir toda a introspecção de César Camargo Mariano e Ícaro Silva, apesar de ter apenas uma ponta no filme, faz um Jair Rodrigues sensacional! O terceiro mérito são a direção de arte e o figurino, que fazem uma excelente reconstrução de época, e, por último, mas não menos importante, a Elis tem um fotografia belíssima, que sabe como captar o sentido de cada ambiente. Algumas produções da Globo Filmes, como Bela Noite Para Voar e Tim Maia já mostravam essa capacidade de captar o espírito de época pelas lentes e câmeras.
Apesar do tom inconsistente, do roteiro fraco e da direção mediana, Elis é um filme razoável, com boas interpretações, visualmente bonito e com excelentes números musicais. Não é um filme à altura da personagem, que, pelo seu talento e pela sua importância para a Música Popular Brasileira, merecia uma superprodução, mas, por ser a única cinebiografia da cantora, consegue ter algum grau de relevância no cinema nacional, em 2016.
Assisti ontem, antes de ler a crítica. Gostei do filme. O problema é que um filme sobre Elis tinha que ter umas 3 horas de duração, faltaram Tom Jobim, Francis Hime, Ivan Lins, Milton Nascimento, faltaram grandes músicas de Elis. Elis era assim, complexa demais para um filme tão curto. A trilha sonora é mesmo o grande acerto do filme. A voz de Elis é incomparável, e as novas gerações mereciam ouvir a verdadeira voz. Me lembro exatamente do dia em que Elis morreu. Foi uma comoção. Uma tristeza. No entanto Elis era luz, era música, era alegria, razão pela qual entendo a escolha da direção quanto aos créditos finais. A vida real não teve "Happy end" mas não precisamos ficar presos à tragédia. Muito melhor lembrar de Elis como a "pimentinha"!
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