Pular para o conteúdo principal

O Filho Eterno (2016)

O Filho Eterno trata de paternidade, futebol e Síndrome de Down.





Gênero:
 Drama
Direção: Paulo Machline
Roteiro: Leonardo Levis
Elenco: Augusto Madeira, Débora Falabella, Marcos Veras, Pedro Vinícius, Uyara Torrente
Produção: Rodrigo Teixeira
Fotografia: Carlos firmino
Montador: Olivia Brenga
Trilha Sonora: Guilherme Garbato, Gustavo Garbato
Duração: 82 min.
Ano: 2016
País: Brasil
Cor: Colorido
Estreia: 01/12/2016 (Brasil)
Distribuidora: Sony Pictures
Estúdio: RT Features
Classificação: 10 anos

Sinopse:
 O casal Roberto (Marcos Veras) e Cláudia (Débora Falabella) aguarda ansiosamente pela chegada de seu primeiro bebê. Roberto, que é escritor, vê a chegada do filho com esperança e como um ponto de partida para uma mudança completa de vida. Mas toda a áurea de alegria dos pais é transformada em incerteza e medo com a descoberta de que Fabrício, o bebê, é portador da Síndrome de Down. A insatisfação e a vergonha tomam conta do pai, que terá de enfrentar muitos desafios para encontrar o verdadeiro significado da paternidade.


Nota do Razão de Aspecto:



--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------


Este final de ano o cinema tem premiado os papais com filmes que focam em tramas abordando a questão da paternidade. A Luz Entre Oceanos, Rogue One e, o principal, Capitão Fantástico são exemplos. O cinema nacional também entra nessa coincidência temática e traz O Filho Eterno. Aqui a figura materna também é contemplada com a personagem Cláudia (Débora Falabella), mas o foco narrativo é no pai, o escritor Roberto (Marcos Veras). 



Em meio a copa de 82, em pleno jogo do Brasil x Itália, nasce Fabrício (Pedro Vinícius). Para a alegria dos pais corujas - marinheiros de primeira viagem. No entanto, não tarda para receberem a notícia: a criança nascera com Síndrome de Down. Se hoje ainda há alguma desinformação, naquela época a coisa era ainda mais complicada e recheada de preconceitos. Vemos, por exemplo, um médico dizer Mongolismo, expressão comum no período.



Roberto tem que lidar com a criação do filho, quase sempre em oposição às ideias da mulher. Mas para isso é necessário ter que vencer os preconceitos dos outros e, principalmente, dele próprio. Ele chega ao cúmulo de ler em um livro que boa parte dos Downs morrem com dois anos e comemora tal dado, "terei liberdade". A transformação do personagem é, no bom sentido, inconstante. Seria muito fácil para o roteiro dar uma evolução linear: de pai desnaturado até figura paterna amável, então ponto para essa construção.

Paralelo a isso há todo um plano de fundo perpassando as Copas do Mundo. Os fatos mais importantes da trama - como o nascimento da criança - ocorrem em dias de jogos do Brasil. Se a relação de Roberto com a condição do filho se modifica, vemos algo semelhante em relação ao futebol. Em menor escala, outro esporte também compõe o cenário, a natação. Praticada pelo jovem Fabrício, tal elemento reforça o que foi supracitado.

Essa reafirmação nos momentos aquáticos não atrapalha. Contudo o mesmo não ocorre com outras circunstâncias do segundo arco. Ele fica redundante e até cansativo. A história não anda e com certeza é o ponto mais fraco do filme. Outra derrapada são certos planos repetidos, por exemplo os com a câmera se afastando. O que poderia ser uma  rima visual ou tentativa de uma identidade visual, aqui soa como preguiça. No entanto, uma das características dos Downs é uma percepção peculiar do tempo. E na trama, o pai do protagonista é relojoeiro. Então com muito boa vontade você pode considerar os deslizes temporais perdoáveis - ou um erro mais grave ainda...



O design de produção é simplório. Por vezes o fundo é desfocado como que para esconder um ambiente contemporâneo. A  fotografia levemente mais "suja", a máquina de escrever e as referências futebolísticas ficam responsáveis pela composição. Em o Roubo da Taça, também desse ano, esse quesito é melhor realizado.


Duas atuações se destacam, a da dupla Marcos Veras e Débora Falabella. Ela mais contida, mas longe de ser inexpressiva. Os traços da personagem ficam evidentes nas mãos de Falabella. Um discurso em especial mostra a potência interpretativa da atriz. Já o Veras me surpreendeu. Eu só conhecia o lado de comédia dele. Ainda percebemos a verve cômica, todavia quando o drama se impõe ele dá conta. Um pai perdido, com uma relação ambígua com todos em volta. Entendam: não é algo brilhante, de outro mundo, digno de Oscar, mas vai no tom na maior parte do tempo - vale a ressalva de um melhor posicionamento em cena, neste caso uma outra direção poderia sanar tal questão.

O Filho Eterno tem um início sem sutileza, porém eficaz. Um segundo arco que perde força, mas não rompe o filme por completo. Um final emocionante e com uma boa elipse, contudo formulaico. Os elogios acabam se sobrepondo às ressalvas pelas atuações e trato do tema.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Moana - Um Mar de Aventuras (2016) - Crítica

Moana traz elementos novos, mas deixa a desejar na história... Gênero: Animação Direção: John Musker, Ron Clements Roteiro: John Musker, Ron Clements, Taika Waititi Elenco (dublagem original): Alan Tudyk, Auli'i Cravalho, Dwayne Johnson Produção: Osnat Shurer Montador : Jeff Draheim Trilha Sonora: Lin-Manuel Miranda, Mark Mancina, Opetaia Foa'i Duração: 107 min. Ano: 2016 País: Estados Unidos Cor: Colorido Estreia: 05/01/2017 (Brasil) Distribuidora: Walt Disney Pictures Estúdio: Walt Disney Animation Studios / Walt Disney Pictures Classificação: Livre Sinopse:  Moana Waialiki é uma corajosa jovem, filha do chefe de uma tribo na Oceania, vinda de uma longa linhagem de navegadores. Querendo descobrir mais sobre seu passado e ajudar a família, ela resolve partir em busca de seus ancestrais, habitantes de uma ilha mítica que ninguém sabe onde é. Acompanhada pelo lendário semideus Maui, Moana começa sua jornada em mar aberto, onde enfrenta terríveis c...

Sete psicopatas e um Shih Tzu - Netflixing

Pegue a violência extrema como instrumento de sátira, a moda Tarantino. Misture com um estilo visual e escolha de cenários que lembram os irmãos Coen. Dose com pitadas de neurose Woddy Allen e surrealismo David Lynch. E temos a receita para Sete psicopatas e um Shih Tzu . Gênero:   Comédia Direção:  Martin McDonagh Roteiro:  Martin McDonagh Elenco:  Abbie Cornish, Amanda Mason Warren, Andrew Schlessinger, Ante Novakovic, Ben L. Mitchell, Bonny the ShihTzu, Brendan Sexton III, Christian Barillas, Christine Marzano, Christopher Gehrman, Christopher Walken, Colin Farrell, Frank Alvarez, Gabourey Sidibe, Harry Dean Stanton, Helena Mattsson, James Hébert, Jamie Noel, John Bishop, Johnny Bolton, Joseph Lyle Taylor, Kevin Corrigan, Kiran Deol, Linda Bright Clay, Lionel D. Carson, Long Nguyen, Lourdes Nadres, Michael Pitt, Michael Stuhlbarg, Olga Kurylenko, Patrick O'Connor, Richard Wharton, Ricky Titus, Ronnie Gene Blevins, Ryan Driscoll, Sam B. Lorn,...

É Fada (2016) - Crítica

É Fada traz o primeiro filme com a youtuber Kéfera Buchmann . Gênero: Comédia Direção: Cris D'amato Roteiro: Bárbara Duvivier, Fernando Ceylão, Sylvio Gonçalves Elenco: Alexandre Moreno, Angelo Gastal, Aramis Trindade, Bruna Griphão, Carla Daniel, Charles Paraventi, Christian Monassa, Clara Tiezzi, Cláudia Mauro, Kéfera Buchmann, Klara Castanho, Lorena Comparato, Luisa Thiré, Marcelo Escorel, Mariana Santos, Narjara Turetta, Paulo Gustavo, Raul Labancca, Silvio Guindane Produção: Daniel Filho Fotografia: Felipe Reinheimer Montador: Diana Vasconcellos Trilha Sonora: Guto Graça Mello Duração: 85 min. Ano: 2016 País: Brasil Cor: Colorido Estreia: 06/10/2016 (Brasil) Distribuidora: Imagem Filmes Estúdio: Globo Filmes / Lereby Produções Classificação: 12 anos Informação complementar: Livremente inspirado em: "Uma fada veio me visitar" (2007), de Thalita Rebouças Sinopse:  Geraldine (Kéfera Buchmann) é uma atrapalhada fada que precisa p...