ARMAS NA MESA (MISS SLOANE, 2016) - CRÍTICA
Armas na Mesa vale mesmo pela protagonista otimamente encarnada por Jessica Chastain.
Ficha técnica:
Gênero: Drama
Direção: John Madden
Roteiro: Jonathan Perera
Elenco: Alexandra Castillo, Alison Pill, Doug Murray, Douglas Smith, Dylan Baker, Elena Khan, Ennis Esmer, Gugu Mbatha-Raw, Jack Murray, Jake Lacy, Jessica Chastain, Joe Pingue, John Lithgow, Kyle Mac, Mark Strong, Meghann Fahy, Michael Stuhlbarg, Sam Waterston, Sergio Di Zio
Produção: Ariel Zeitoun, Ben Browning, Kris Thykier
Fotografia: Sebastian Blenkov
Montador: Alexander Berner
Trilha Sonora: Max Richter
Duração: 132 min.
Ano: 2016
País: Estados Unidos / França
Cor: Colorido
Estreia: 02/02/2017 (Brasil)
Distribuidora: Paris Filmes
Estúdio: Transfilm
Classificação: livre
Sinopse: Filme conta a história de Elizabeth Sloane (Jessica Chastain), poderosa estrategista política que arrisca sua carreira a fim de passar com sucesso uma emenda com leis de controle de armas mais rígidas nos Estados Unidos. Apesar de suas habilidades, ela coloca sua vida e de sua família em risco.
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Lobistas, emendas à constituição americana, questão armamentista e política. Esses temas talvez não sejam tão atrativos para o grande público, principalmente o brasileiro. Em Armas na Mesa eles estão no cerne da narrativa, o que pode afastar aquela parcela dos espectadores. Felizmente, tudo isso é uma desculpa para mostrar a complexidade de uma mulher. E neste ponto o longa se realiza de forma mais satisfatória.
Elizabeth Sloane (Jessica Chastain) é inteligente, desaforada, respeitada, dorme mal, tem relacionamento com garotos de programa, toma remédios estimulantes. Em suma: uma vida pessoal conturbada, pois o foco dela é apenas no trabalho - que consiste em manipular os ventos das decisões dos outros conforme o interesse que ela defende.
Aqueles temas e essa mulher, portanto, promovem uma intrincada trama envolvendo o que há de melhor e pior no ser humano - quais ações entram em cada categoria, vocês decidem... Fato é que alguns passos dela podem ser questionados. Então temos uma protagonista forte, com alguma dose de reprovação - podendo causar sentimentos dúbios.
Em algum momento, quem não está familiarizado com termos pode ficar um pouco perdido - não ao ponto de emular um A Grande Aposta, mas quase. E tal como no longa citado, aqui tal opção também é meritosa. Há pouca ou nenhuma exposição em boa parte do filme. É uma proposta séria, adulta e que não duvida da inteligência do público. A trilha sonora, no entanto, está bem descompassada e soa abobada e melodramática. Outra referência é House of Cards. Seja nos meandros políticos, seja na simpatia pelo protagonista imperfeito que estica a corda do limite ao máximo para poder realizar o que deseja.
A despeito de algumas viradas previsíveis do roteiro e alguma conveniência, até que ele vai bem. Após vencer a barreira cultural do início, pode-se engajar melhor pelo que está em tela. No entanto, a grande responsável por isso é Chastain. Logo de cara vemos uma entrega diferenciada, repare em como a atriz se impõe ou perceba o olhar penetrante na cena do espelho ou ainda os momentos de ápice de força e fraqueza. Se não fosse um ano tão espetacular para as mulheres a vaga dela poderia se cogitada. Mas em uma indicação que teve Amy Adams (A Chegada), Sônia Braga (Aquarius) e Emily Blunt (A Garota no Trem) esnobadas, a não indicação de Jessica não é tão revoltante.
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