KONG: A ILHA DA CAVEIRA (KONG: SKULL ISLAND, 2017) - CRÍTICA

Kong: A Ilha da Caveira funciona moderadamente como entretenimento, mas oscila demais no ritmo da narrativa. 



Gênero: Ação
Direção: Jordan Vogt-Roberts
Roteiro: Dan Gilroy, Derek Connolly, John Gatins, Max Borenstein
Elenco: Andre Pelzer, Brie Larson, Corey Hawkins, Emmy Agustin, Eugene Cordero, Jason Mitchell, Jason Speer, John C. Reilly, John Goodman, John Ortiz, Marc Evan Jackson, Nicole Hunt, Samuel L. Jackson, Scott M. Schewe, Sharon M. Bell, Shea Whigham, Thomas Mann, Tian Jing,, Toby Kebbell, Tom Hiddleston, Will Brittain
Produção: Jon Jashni, Mary Parent, Thomas Tull
Fotografia: Larry Fong
Montador: Christian Wagner, Richard Pearson
Duração: 118 min.
Ano: 2017
País: Estados Unidos
Cor: Colorido
Estreia: 09/03/2017 (Brasil)
Distribuidora: Warner Bros.
Estúdio: Legendary Pictures / Warner Bros.
Classificação: 12 anos

Sinopse: Uma diversa equipe de cientistas, soldados e aventureiros se unem para explorar uma ilha mítica e intocada no oceano Pacífico, tão bela quanto perigosa. Longe de tudo e todos que podem os ajudar, a equipe se aventura no território do poderoso Kong, dando início à maior das lutas entre o homem e a natureza. Quando sua missão de descoberta se transforma em uma missão de sobrevivência, a equipe deve lutar para escapar de um paraíso primitivo ao qual a humanidade não pertence.


Nota do Razão de Aspecto:


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Kong: A Ilha da Caveira tem alguns méritos interessantes e alguns problemas que prejudicam a experiência do espectador. Como obra de entretenimento, funciona moderadamente, porém oscila demais no ritmo da narrativa. Vamos discutir as razões.

Sem dúvida, Kong: A Ilha da Caveira é tecnicamente exuberante. A fotografia conseguiu criar o ambiente dos anos 1970, com uma paleta amarelada e um pouco suja, especialmente nas sequências que se passam fora da Ilha, seja em Washington, seja no Vietnã. Somada à trilha sonora, que inclui Black Sabbath, David Bowie e outras grandes bandas daquela década, o diretor Jordan Vogt-Roberts conseguiu construir uma ambientação convincente dos turbulentos anos de Richard Nixon na presidência dos Estados Unidos. Para completar, Kong se utiliza de muitas referências visuais do cinema dos anos 1970, das quais o plano dos helicópteros em frente ao sol, com o surgimento da silhueta de King Kong, é a epítome da sofisticação técnica.


Os efeitos visuais são, em grande medida, ponto forte e ponto fraco de Kong: A Ilha da Caveira. Parece contraditório, mas não é.  O CGI do filme é perfeito. Toda a ambientação da ilha, os animais, os monstros e, principalmente, King Kong são hiper convincentes e criativos. Não hesito em afirmar que se iguala a Mogli: O Menino Lobo. Por outro lado, a extrema competência na execução dos efeitos visuais levou a equipe a incluir cenas completamente desnecessárias, com o claro objetivo de apenas mostrar uma criatura digital diferente. Sim, são criaturas realmente diferentes e tecnicamente extravagantes, mas, ao longo do filme, a repetição desse recurso se torna cansativa, porque pouco serve, ou nada serve, para o desenvolvimento da história e diminui o tempo de tela daquela que devia ser a criatura mais onipresente: King Kong.

Com "grande elenco", na melhor entonação das vinhetas da Rede Globo, Kong: A Ilha da Caveira prometia atuações de alto nível. A vencedora do Oscar, Brie Larson, Tom Hiddleston, nosso inesquecível Loki, John C. Reily, John Goodman e Samuel L. Jackson são as grandes estrelas, prejudicadas por um roteiro fraco. Todos os personagens são unidimensionais e rasos, sem nenhum desenvolvimento, com diálogos pueris ou previsíveis em 90% do filme. Se há desenvolvimento de algum personagem, este é o próprio King Kong, de quem conhecemos o passado e as motivações. Não posso afirmar se a unidimensionalidade estereotipada da militante pacifista, do ex-militar misterioso, do coronel vingativo, do alívio cômico e do cientista "maluco" foi proposital, mas foi, certamente, uma péssima escolha. O elenco não tem material pra trabalhar e faz o que pode. Consegue, pelo menos, entregar interpretações honestas e divertidas, na medida do possível.

Os pontos mais fracos de Kong: A Ilha da Caveira são o roteiro e a montagem. Na tentativa de desenvolver subtramas demais após a chegada da equipe à ilha, o filme se perde em caminhadas pela mata, diminui o ritmo e ação no segundo ato e quase faz desaparecer por uma hora inteira a razão que nos levou ao cinema: King Kong. Por longos e entediantes minutos, vemos aranhas gigantes, um gafanhoto, os monstros inimigos de Kong e quase nada do nosso protagonista. Embora o personagem de John C. Reily, Hank Marlow, cumpra uma função narrativa importante e, ao mesmo tempo, a de alívio cômico, Kong gasta tempo excessivo com o desenvolvimento desse núcleo, por exemplo, e com as piadas repetitivas sobre aquilo que Hank perdeu enquanto esta isolado na ilha: o vencedor da II Guerra Mundial, a televisão, a chegada do homem à Lua e coisas do gênero. Depois da terceira piada, fica realmente difícil não perder a paciência. Afinal de contas, queremos tiro, porrada e bomba com King Kong!


Neste ponto, chegamos àquilo que faz de Kong: A Ilha da Caveira uma experiência majoritariamente agradável: as sequências de ação com o nosso querido gorila de dezenas de metros de altura. Concentradas no primeiro e no terceiro atos, as lutas de King Kong, primeiro contra os humanos invasores, no fim contra os monstros subterrâneos, são épicas. Felizmente, Jordan Vogt-Roberts não segue a escola Michael Bay de filmes de ação e permite que o espectador tenha noção do cenário geral, utilizando-se de poucos cortes. É muito interessante o uso incidental de câmera subjetiva quando os humanos são atacados pelo gorila, porque dá a dimensão da ameaça que King Kong representa. As sequências de luta contra outras feras da ilha são de tirar o fôlego, algo parecido com os duelos de Círculo de Fogo. Não posso deixar de registrar o uso de vários golpes de artes marciais por parte do gorila gigante, incluindo ipon, mata-leão, estrangulamento e chave de braço (neste caso, chave de asa). King Kong seria um grande campeão do UFC dos monstros gigantes.


Kong: A Ilha da Caveira tem um resultado mediano, sabotado pelas próprias escolhas da produção, porém, é uma digna retomada da saga do personagem no cinema, superior ao filme de Peter Jackson, de 2005. Por se tratar de um personagem icônico, com muitas adaptações para diferentes linguagens, eu esperava mais. Logo eu, que aprendi a entender o que era injustiça com a queda de King Kong do Empire State Bulding, na versão cinematográfica clássica, de 1933. 

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