É Fada (2016) - Crítica


É Fada traz o primeiro filme com a youtuber Kéfera Buchmann .


Gênero: Comédia
Direção: Cris D'amato
Roteiro: Bárbara Duvivier, Fernando Ceylão, Sylvio Gonçalves
Elenco: Alexandre Moreno, Angelo Gastal, Aramis Trindade, Bruna Griphão, Carla Daniel, Charles Paraventi, Christian Monassa, Clara Tiezzi, Cláudia Mauro, Kéfera Buchmann, Klara Castanho, Lorena Comparato, Luisa Thiré, Marcelo Escorel, Mariana Santos, Narjara Turetta, Paulo Gustavo, Raul Labancca, Silvio Guindane
Produção: Daniel Filho
Fotografia: Felipe Reinheimer
Montador: Diana Vasconcellos
Trilha Sonora: Guto Graça Mello
Duração: 85 min.
Ano: 2016
País: Brasil
Cor: Colorido
Estreia: 06/10/2016 (Brasil)
Distribuidora: Imagem Filmes
Estúdio: Globo Filmes / Lereby Produções
Classificação: 12 anos
Informação complementar: Livremente inspirado em: "Uma fada veio me visitar" (2007), de Thalita Rebouças

Sinopse: Geraldine (Kéfera Buchmann) é uma atrapalhada fada que precisa provar para os superiores dela que pode fazer um bom trabalho. Ela é designada para auxiliar a jovem Luna, uma adolescente com pais separados, problemas financeiros e dificuldade em se enturmar.


Nota do Razão de Aspecto: 


Nota para fãs: 

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Caso você não esteja entendendo de onde surgiu este filme ou o motivo dele estar causando tanto burburinho, um nome deve vir a tua mente: Kéfera. Uma atriz curitibana de 23 anos que faz um sucesso gigante no Youtube. Atualmente ela possui mais de 9 milhões de inscritos e é o 4º maior canal brasileiro na plataforma de vídeo. Para a maior parte do público deste filme essa apresentação é desnecessária, já que eles sabem de cor e salteado todos os passos da senhorita Buchmann. 


Conhecida por um humor um pouco escatológico e sem papas na língua - falando de coisas íntimas, por exemplo, não à toa a personagem tira a varinha do ânus - e uma expressão corporal invejável, Kéfera conquistou um público fervoroso, formando de fato quase uma religião. Por outro lado, também tem uma legião de haters, ou seja, pessoas que a odeiam e a consideram a pior coisa na internet brasileira.



E o filme? Bem, o longa não esconde o público alvo: adolescentes, principalmente do sexo feminino. Quase 100% dos personagens são mulheres e os temas e situações são mais voltados para esse nicho. Correndo o risco de cair em esteriótipos rasos, curiosamente o É Fada é lançado no mesmo dia de Festa da Salsicha, cujo foco está mais nos meninos. 

O roteiro não apresenta surpresas. A história de uma menina rejeitada pelas mais populares da nova escola e com problemas familiares decorrentes de uma separação - uma pitada de tempero é que a protagonista foi criada pelo pai, enquanto a mãe a largou para estudar fora. A jornada aqui é de aceitação e superação. Apesar de óbvio, clichê e não ter camadas profundas, ele é menos expositivo e doloroso que uma dúzia de filmes por aí. 

Porém cai em algumas armadilhas. Por exemplo a de usar o poder da fada de forma que extrapola o combinado na lógica interna do filme. A locomoção e o quão ela pode interferir na vida da apadrinhada não fica bem delimitado. A outra é uma mistura de falta de criatividade com ausência de ousadia. Repetições de piadas e situações são recorrentes. A trilha (muito presente) e a montagem ágil tentam disfarçar certos buracos e se esforçam para empurrar o filme para frente. Não sentimos o tempo passar, porém a sensação de que vimos um grande nada é igualmente presente.

A história é bem desinteressante caso você não tenha entre 12-16 anos. A mensagem que o filme quer transmitir se baseia em um "seja você mesmo", porém passa a maior parte traindo essa premissa. Mesmo com um certo grau de intencionalidade, o conteúdo ficou um tanto torto. Cabe também destaque negativo para a cena inicial, uma piada com o 7x1 sofrido pelo Brasil. A abertura foi mal escolhida e perdeu o timing - talvez se fosse no ano passado funcionasse melhor. Outro problema de anacronismo é o retrato dos negros: sempre aparecendo como subalternos ou em clichês com o do segurança. 


Já Luna tem um bom carisma como protagonista. Uma bela surpresa a interpretação de Klara Castanho. A jovem já atuou em algumas novelas e se mostrou completamente à vontade no papel. E isso foi de grande importância para o filme não ser pior do que ele é. Houve um cuidado em direcioná-la para o objetivo do longa, ao contrário de Escaravelho do Diabo onde tivemos um roteiro apresentável e uma péssima direção de atores, aqui vemos uma dupla muito entrosada e cativante.

Sim, dupla... pois Kéfera é Kéfera aqui. Ela carrega todas as caras e bocas dos vídeos para a telona. Uma das críticas ao filme do Porta dos Fundos é que eles não trouxeram o humor ácido para o Contrato Vitalício, longa estrelado e produzido pela trupe. Esse defeito não vemos em É Fada. Com certeza quem é fã identificou os maneirismos da youtuber e pensou: "que fera" (desculpe-me eu precisava usar isso em algum lugar). 


Um ponto que, junto com a trama, enfraquece o todo é o ritmo. A velocidade, apreciada por alguns (não à toa o nome do canal dela é "5 minutos"), aqui entrega um produto com cara de feito às pressas. Os arcos são mal desenvolvidos e jogados em tela. A transição de uma subtrama para outra e as resoluções dos eventos carecem de um apuro e impedem que um público ocasional possa apreciar mais. 

O absurdo Tô Ryca!, o sem graça Contrato Vitalício, o ruim Prova de Coragem e, claro, o caça níquel Dez Mandamentos estão em um degrau abaixo de É Fada. Cinematograficamente nulo e facilmente dispensável pela maioria das pessoas, até que é relativamente preciso na proposta e cumpre o que promete.

Por Lucas Albuquerque - um guerreiro que viu o filme na estreia. 

8 comentários:

  1. Uma dica: eu acompanho esse site faz algum tempo e um ponto negativo nesse site são os espaço de comentarios que é muito ruim coloca um plugin chamado 'Disqus'melhor plataform,a de comentario

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    1. Obrigado pela leitura e pelo comentário. Volte mais vezes :)

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  3. critica muito boa, nota convincente... infelizmente um critico tem que ver essas merdas do cinema BR... boa sorte com as proximas criticas, e que venha filmes melhores nesse cinema que só da dor de cabeça! :)

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    1. Valeu Reinaldo. Realmente eu tento ver de tudo e não ter conceitos prévios sobre o filme. Já tive boas surpresas este ano. E quanto ao cinema nacional, só em 2016 vários excelentes longas chegaram nas telonas: Mais Forte que o Mundo, Campo Grande, Ponto Zero, Big Jato... E duas boas surpresas, os bons Um Suburbano Sortudo e Um Namorado para Minha Mulher.
      Infelizmente com o É Fada a qualidade não valeu o ingresso...
      Volte mais vezes :D

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  4. Eu acho que o filme cumpre o que se propõe. Diferente de algumas críticas que li, não acho que o filme se contradiz na mensagem. Apesar da Fada acabar induzindo a menina a perder seus valores no decorrer do filme, a própria Fada depois esclarece que fez isso de propósito, pra menina perceber o seu próprio valor, que não tinha nada errado dela ser do jeito que ela era.

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  5. Lucas.
    Excelente crítica!
    Eu detestei o filme, horrível! E realmente não acrescentou em absolutamente NADA na cinematografia nacional.

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    1. Obrigado pelo elogio. Tive que tirar leite de pedra aqui. Mas, como falei no texto, as atuações da dupla principal está ok. Sobre acrescentar na cinematografia nacional, eu penso que o brasil precisa de filmes infanto juvenis. Carrossel (2015) foi muito bom para aquele nicho, ja o 2, deste ano nem tanto. O É Fada também poderia ser, ele até pode render dinheiro e ter uma atriz de verdade e com apelo popular, mas acho que foi um tiro errado.

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