Kingsman: Serviço Secreto
Gênero: Ação/Comédia
Direção: Matthew Vaughn
Roteiro: Jane Goldman, Matthew Vaughn
Elenco: Colin Firth, Taron Egerton, Samuel L. Jackson, Hanna Alström, Jack Davenport, Mark Hamill, Mark Strong, Matt Michael Caine, , Sofia Boutella, Samantha Womack, Sophie Cookson
Produção: Adam Bohling, David Reid, Matthew Vaughn
Fotografia: George Richmond
Montador: Conrad Buff IV, Eddie Hamilton, Jon Harris (II)
Trilha Sonora: Henry Jackman, Matthew Margeson
Duração: 128 min.
Ano: 2015
País: Estados Unidos / Reino Unido
Cor: Colorido
Estreia: 05/03/2015 (Brasil)
Distribuidora: Fox Film do Brasil
Estúdio: 20th Century Fox / Marv Films
Classificação: 16 anos
Informação complementar: Baseado na HQ de Mark Millar e Dave Gibbons
Nota do Razão de Aspecto:
Filmes de espionagem tiveram, por motivos óbvios,
seu auge durante o período da Guerra Fria: a tensão não se transformava em
conflito armado direto entre os dois pólos hegemônicos, fazendo com que as escaramuças
fossem mais sutis e travadas nos bastidores. A figura do espião passou por um
processo de romantização (ainda que, desde as peripécias de Sidney Reilley ou Mata
Hari, décadas antes, já houvesse uma imensa atração por essa atividade extrema
e misteriosa).
Nas décadas de 1960 a 1980, grosso modo, duas tendências principais dominaram os filmes de
espionagem: tramas mais realistas e politicamente densas, como as adaptações
dos romances de John LeCarré, como O
espião que veio do frio (1965), Chamada
para um morto (1966) e A guerra no
espelho (1969); e, do outro lado, a figura do superespião, heroico, e capaz
de feitos inacreditáveis para salvar o mundo de vilões e/ou organizações
megalomaníacas (e, é claro, os filmes do famoso (espião pode ser famoso?)
agente James Bond são o maior ícone dessa leva.
Com o fim da Guerra Fria, os filmes de espionagem
passaram por um breve momento de crise. LeCarré, entretanto, conseguiu se
reinventar, colocando em seus livros cidadãos comuns que acabam envolvidos em
tramas obscuras envolvendo grandes corporações, lavagem de dinheiro, redes de migração
ilegal e outros desafios dos Estados contemporâneos. Os filmes de James Bond
conseguiram requentar fórmulas antigas, com um ator charmoso (Pierce Brosnan),
até outro JB (Jason Bourne) e sua abordagem mais crua e seca sobre os
superagentes ameaçou destronar o espião britânico.
Como isso, como já tratei na crítica a 007 – Operação Skyfall (2012), os produtores de Bond resolveram reinventar-se, escolhendo um ator bom, mas bronco, para dar uma nova vida à franquia, e, talvez em exagero, incorporar os elementos dessa "nova geração". E, com exceção do fraquíssimo Quantum of Solace (2008), têm se saído bem até o momento, para desgosto dos fãs da versão mais clássica do personagem e enorme prazer dos próprios bolsos.
Kingsman: Serviço Secreto (2014) é ao mesmo tempo uma sátira e uma homenagem aos filmes de James Bond, em especial da era Roger Moore, onde era possível derrotar os malvados sem despentear o cabelo. Pode-se pensar, talvez, em algum diálogo com a série "The Avengers", ícone na Inglaterra dos anos 1960. No filme, Taron Egerton faz o papel de Eggsy, um pós-adolescente esperto e talentoso, mas cercado de um ambiente problemático no subúrbio de Londres. Sua mãe é abusada pelo namorado e as perspectivas de vida são pouquíssimo atraentes. Após se meter em uma confusão, Eggsy conhece descobre que seu pai fizera parte de um grupo de agentes secretos – os Kingsmen que dão título ao filme. Harry Hart (Colin Firth, elegantíssimo), agente Kingman que teve a vida salva pelo pai de Eggsy, oferece a ele a chance de passar pelo treinamento do grupo e se tornar um superespião. O que se segue é uma obra extremamente divertida, que combina cenas de ação em ritmo alucinado e referências cômicas aos clichês de filmes de superespiões.
Kingsman: Serviço Secreto (2014) é ao mesmo tempo uma sátira e uma homenagem aos filmes de James Bond, em especial da era Roger Moore, onde era possível derrotar os malvados sem despentear o cabelo. Pode-se pensar, talvez, em algum diálogo com a série "The Avengers", ícone na Inglaterra dos anos 1960. No filme, Taron Egerton faz o papel de Eggsy, um pós-adolescente esperto e talentoso, mas cercado de um ambiente problemático no subúrbio de Londres. Sua mãe é abusada pelo namorado e as perspectivas de vida são pouquíssimo atraentes. Após se meter em uma confusão, Eggsy conhece descobre que seu pai fizera parte de um grupo de agentes secretos – os Kingsmen que dão título ao filme. Harry Hart (Colin Firth, elegantíssimo), agente Kingman que teve a vida salva pelo pai de Eggsy, oferece a ele a chance de passar pelo treinamento do grupo e se tornar um superespião. O que se segue é uma obra extremamente divertida, que combina cenas de ação em ritmo alucinado e referências cômicas aos clichês de filmes de superespiões.
Estão todos lá: o vilão caricatural (Samuel L.
Jackson, carismático, mas já esgarçando seus papeis do gênero) faz Valentine,
um gênio das comunicações com um plano para... melhorar o mundo); o capanga
letal (Sofia Boutella dá vida a Gazelle, que cuida de remover os obstáculos aos
planos de seu chefe com suas pernas mecânicas em formato de lâminas mortais(!!!),
o gênio de informática e apetrechos que dá apoio ao herói (Mark Strong), e os
próprios apetrechos (como um guarda-chuva que atira e é à prova de balas).
Baseado na história em quadrinhos "Secret
Service", escrita por Mark Millar e desenhada por Dave Gibbons (o mesmo
desenhista de Watchmen), Kingsman é dirigido por Matthew Vaughn (Stardust,
Kick-Ass e X-Men: primeira classe), e consegue encontrar um tom interessante
para o filme, que mantém a comédia sem descambar para o besteirol (salvo duas
ou três cenas, no ínicio e na resolução do filme). A versão cinematográfica é
razoavelmente fiel ao roteiro geral dos quadrinhos, embora inclua (as
referências aos cavaleiros da Távola Redonda e o próprio conceito dos Kingmen) e
altere vários outros elementos (como a relação de parentesco entre determinados
personagens e o sexo de Gazelle).
Vaughn opta por uma linguagem ao mesmo tempo
ultraviolenta, mas aliviada pelas decisões gráficas – como, por exemplo, em uma
determinada cena, dezenas de pessoas morrem, sem que haja um banho de sangue
tarantinesco na tela. Os efeitos visuais
são bastante artificiais em alguns momentos, algo que me incomodou somente até o
momento em que eu percebi o quão proposital fora a escolha, para evitar cenas
grotescas e reforçar o ar de sátira.
Firth e Jackson se apresentam como diametralmente
opostos: enquanto o primeiro representa a honra e a elegância do vestir e se
portar do cavalheiro inglês, o outro – o vilão – se veste com bonés e tênis de
cano alto, e serve sanduíches em jantares elegantes. O interessante é que o
filme deixa claro que a boa postura – de educação, polidez e parcimônia – não são
exclusividade da nobreza bem nascida, e sim valores a serem aprendidos (e
arrisco dizer que vale muito a mensagem para um país e um mundo onde tantos
acham bonito serem feios).
O filme conta ainda com participações muito
bem-vindas de Mark Hamill (esquentando as expectativas para seu retorno ao
papel de Luke Skywalker), Michael Caine (como chefe dos Kingsmen) e Jack
Davenport (de Piratas do Caribe e da série britânica Coupling). A notas fraca
fica para o próprio Egerton, que empalidece ao lado de Firth e não segura tão
bem assim o filme quando demandado. Firth – já algo envelhecido - só funciona
nas cenas de ação (extremamente inspiradas no ritmo dos videogames) por ser o
filme descompromissado com a verossimilhança (exatamente, guardadas as
diferenças estéticas das décadas, do Roger Moore cinquentão fazendo suas
estripulias nos últimos filmes dele como Bond).
Kingsman é um filme ágil, que entretém
em especial (mas não exclusivamente) àqueles que, como eu, são fãs dos filmes
de James Bond. Em um ano em que teremos o requentar da franquia com 007 contra
Spectre, será gostoso manter, até lá, a memória dos tempos em que o cavalheiros
andavam sobre a Terra.
Após ver o filme eu estava curioso com a sua opinião. Até porque achei o filme a sua cara.
ResponderExcluirAdorei as referências a antigos filmes de espionagem e a linguagem visual do filme. Roger Moore se sentiria bem representado.
O contraste entre o sóbrio e o exagerado e o especial cuidado com a forma de apresentar a violência foram uma grata surpresa. A cena com a música de 1812 poderia ser de um um mar de sangue e foi tratada com o que eu poderia chamar de lirismo. Acho que esse filme foi uma das apresentações de violência mais elegantes que já vi nos últimos tempos.
Pena que Egerton não esteja a altura do Firth, o que vai limitar muito a possibilidade de uma boa continuação.