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Tamo junto (2016) - Crítica

Tamo Junto é um filme que tenta agradar o público jovem, mas o subestima com uma história estereotipada, superficial e sem graça.


Gênero: Comédia
Direção: Matheus Souza
Roteiro: Bruno Bloch, Matheus Souza, Pedro Cadore
Elenco: Alice Wegmann, Fábio Porchat, Fernanda Souza, Leandro Soares, Matheus Souza, Sophie Charlotte
Produção: Joel Souza, Matheus Souza
Trilha Sonora: Vinícius Brum
Ano: 2014
País: Brasil
Cor: Colorido
Estreia: 08/12/2016 (Brasil)
Distribuidora: Downtown Filmes / Paris Filmes
Estúdio: RT Features / Zeugma Produções

Sinopse: Felipe rompe namoro para curtir a vida de solteiro e ir para a balada com os amigos. Mas a vida de solteiro não é o que ele esperava. Então Felipe e seu melhor amigo da época da escola, Paulo Ricardo, partem em uma aventura para pegar mulheres, encontrar o amor e amadurecer.

Nota Razão de Aspecto:
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Quando a gente sai irritado e triste de uma comédia, algo de muito errado aconteceu. Pior quando ainda por cima você faz parte do público alvo. Apesar de Tamo junto visar um público mais jovem, a comédia está repleta de referências à cultura pop, à cultura nerd, e tem uma linguagem autorreferente ao cinema e seus lugares comuns. Ou seja, tinha tudo para agradar a mim e aos demais fãs de cinema, mas erra totalmente no tom.

A proposta central do filme é boa, se assemelha a idéia da franquia Pânico. Temos um personagem, o nerd Paulo Ricardo, interpretado pelo próprio diretor do filme, Matheus Souza, que o tempo todo compara a sua vida a um roteiro de um filme. E com isto temos o potencial para criarmos humor com uma releitura dos clichês do cinema. Funcionou com Pânico e poderia muito bem funcionar com uma comédia juvenil.

A temática do filme tem enorme potencial para este humor auto-referente. Como o próprio diretor declarou, Tamo Junto tenta ser uma comédia estilo American Pie, um filme que fala de jovens a procura de sexo, álcool, diversão, e romance. Este sub-gênero tem um largo conjunto de clichês, que poderiam ser explorados de forma criativa e leve.


O problema começa com Matheus Souza. Ele é diretor, roteirista e ator, um acúmulo de funções que poucos conseguiram executar de forma competente. Como ator, Matheus Souza nos oferece uma interpretação completamente artificial e caricata. Temos trejeitos artificiais, em especial o excesso de gritos agudos sem sentido, e uma completa falta de carisma ou profundidade dramática. Paulo Ricardo, seu personagem, é o estereótipo do nerd tal qual nós imaginávamos na década de 80. Neste sentido Matheus Souza consegue perder os últimos 20 anos de florescimento nerd, em que este estereótipo foi desconstruído. Hoje ser nerd é sexy, e Paulo Ricardo é tão patético que chega a ser ofensivo.


E a incompetência social e sexual de Paulo Ricardo não é o único estereótipo ofensivo e preconceituoso no filme. O roteiro de Matheus Souza é machista, sexista, e tem uma visão de juventude e maturidade moralista e atrasada. A forma como o filme descreve as relações românticas, com mulheres sendo inimigas da felicidade dos homens, e que relações seriam a aceitação da infelicidade em troca de sexo, é simplesmente tacanha. Poderia ser engraçada na década de 50, talvez, mas hoje soa simplesmente como algo tosco.


Não é só no preconceito que o roteiro ofende. A história tem final totalmente previsível, como a maioria das comédias românticas. Mas nem mesmo o como os romances chegarão ao final feliz é interessante. Todos os personagens são rasos, os conflitos não nos comovem ou surpreendem, e somos arrastados por uma narrativa enfadonha até um final nada gratificante.

Creio que o filme não irá agradar sequer os fãs mais ardorosos de filmes estilo American Pie. Tamo junto disputa bravamente com Contrato Vitalício e Tô Ryca! o título de comédia nacional mais deprimente do ano.  E já que falamos de Contrato Vitalício, é o segundo longa do ano com Fábio Porchat e Antonio Tabet que fica abaixo do medíocre (tudo bem que neste com personagens pequenos). Uma pena ver o talento deles desperdiçado.


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